sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Estrada

E assim se anda, por entre ruas quase iguais cruzo-me com pessoas que me parecem de todo semelhantes. A estrada corre-me debaixo dos pés a uma velocidade de 140Km/h e chego. Chego, vivo, faço, vou.

Volto ao ponto de partida, agora vejo ruas, há muito conhecidas, caras familiares, ruas com história com tempo, com (pouca) vida. Pessoas que se arrastam pelas mesmas pedras da calçada de sempre e que se mantêm em linha, seguindo acordos morais que lhe foram designados, não ousando sair deles. Pessoas que se deixam entrar em teias de onde nunca mais conseguem sair. E o dia-a-dia é igual, o tempo parece ser a unica coisa que se altera.
- Hoje está frio.
- Hoje chove tanto.
- Que calor, isto já não é normal nesta época.

E tento mudar de assunto, explorar outras áreas, falar do sentir, do viver, do respirar. E o assunto quebra-se.

Volto a caminhar, a mudar de lugar, a sentir a estrada debaixo dos meus pés e encontro naquelas ruas que deixei, o calor da cidade, os rostos desconhecidos com as suas histórias. Rostos que não passam de figurantes no meu percurso.
Ruas com mais vida, ruas desertas, ruas atribuladas, ruas com sentimentos desenhados nas portas. Um estendal todo preto, uma bandeira de portugal já rota, uma porta velha de um prédio a ruir de onde saí uma luz nocturna.

E volto a sentir a estrada...